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  • Foto do escritorIsabel Debatin

Pensamentos intrusivos: como aprendi a entendê-los e a lidar com eles


Olá querida(o) leitora(o), espero que você esteja bem. O post de hoje é sobre um tema que pode dar gatilho em algumas pessoas, então, peço que você seja cautelosa ao continuar lendo, caso isso possa te afetar negativamente, ok?


Há muitos anos tenho pensamentos intrusivos, mas há pouco tempo consegui nomeá-los e entendê-los. Sempre me sentia estranha e me cobrava por isso. “Como posso me permitir ter pensamentos tão autodestrutivos, estranhos ou sem sentido como esse?” eu me perguntava. “Como posso pensar em coisas que jamais faria, ou que na verdade abomino?” eu pensava. E um belo dia me deparei com pessoas falando sobre isso na internet, então veio a sensação de alívio, “Ufa! Não é só comigo”, suspirei.


Mas o que são esses pensamentos intrusivos? Vou aprofundar, mas repito, se você se sentir mal com esse assunto, por favor, seja cautelosa ao decidir continuar lendo!


Os pensamentos intrusivos são aqueles pensamentos indesejados e, geralmente, repetitivos que surgem de forma inesperada, muitas vezes causando desconforto e ansiedade. As vezes podem ser perturbadores e difíceis de controlar, levando muitas pessoas a se sentirem angustiadas ou até mesmo culpadas por tê-los.


Segundo a psicóloga clínica Susan Nolen-Hoeksema, "os pensamentos intrusivos são uma parte comum da experiência humana. Todos nós os temos em algum momento, mas é a maneira como respondemos a eles que pode determinar seu impacto em nossas vidas". Nolen-Hoeksema destaca que a tentativa de suprimir esses pensamentos pode, paradoxalmente, torná-los mais persistentes e intensos.


O psicólogo e escritor Augusto Cury também abordou o tema em seu livro "Ansiedade: Como Enfrentar o Mal do Século". Ele diz que "os pensamentos intrusivos são frutos de uma mente hiperativa e de um excesso de informações processadas. A chave para lidar com eles está na gestão da mente e na prática do autocontrole".


Como são os pensamentos intrusivos?


Esses pensamentos intrusivos podem estar associados ao medo de machucar alguém mesmo que você nunca tenha a intenção de fazer isso. Preocupações excessivas e irracionais sobre deixar o forno ligado ou a porta destrancada, mesmo depois de verificar várias vezes. Pensamentos sobre contrair uma doença grave, mesmo sem exposição real ou razão para tal preocupação. Dúvidas constantes sobre sua identidade s&xual, mesmo se você tem certeza de sua orientação, ou sobre o amor pelo seu parceiro, mesmo em um relacionamento saudável. Imagens ou ideias s&xualmente inapropriadas que aparecem na sua mente sem você querer. Pensamentos indesejados de questionar ou desrespeitar suas crenças religiosas ou espirituais. Lembranças vívidas e angustiantes de eventos traumáticos anteriores que surgem repetidamente.


A importância de procurar ajuda profissional


Embora todos possam experimentar pensamentos intrusivos de vez em quando, para algumas pessoas esses pensamentos podem se tornar tão intensos e frequentes que interferem na sua qualidade de vida. Nesses casos, é fundamental procurar a ajuda de um profissional de saúde mental.


O psicólogo e terapeuta cognitivo-comportamental David A. Clark enfatiza que "A terapia cognitivo-comportamental tem se mostrado eficaz no tratamento de pensamentos intrusivos, ajudando os indivíduos a desenvolverem habilidades para gerenciar esses pensamentos e a reduzir sua frequência e intensidade".


Um psicólogo pode ajudar a identificar as causas subjacentes dos pensamentos intrusivos e a desenvolver estratégias personalizadas para lidar com eles. Lidar com pensamentos intrusivos pode ser um desafio, mas com as estratégias certas e o apoio adequado, é possível gerenciá-los de maneira eficaz e viver uma vida mais tranquila e equilibrada. Não hesite em procurar ajuda profissional se sentir que precisa. A saúde mental é uma parte crucial do bem-estar geral e merece toda a atenção e cuidado.


No meu caso, olhar para isso com atenção me fez entender que eu não sou uma má pessoa [as vezes, dependendo do pensamento, me senti a muito mal e isso me levava a pensar que eu poderia estar sendo uma má pessoa], e que na verdade eu, por muitas vezes, não tenho controle, eles simplesmente vem.


O que tem mudado, e como eu lido com eles: primeiramente, não acatá-los, e reconhecer que não são meus, eles só vem e vão. Não dar a devida importância pra tudo que penso, alguns pensamentos são só pensamentos, e não me definem ou definem meus desejos. Entendi que eles vão aparecer, principalmente em dias em que estou abalada emocionalmente, ou muito cansada, estressada, mas que assim como rapidamente eles surgem, rapidamente eles se vão.


Também comecei a dar atenção para os detalhes do meu dia, e escolher fazer coisas que me afastam do estado emocional que gera mais pensamento intrusivo. Tenho buscado me exercitar mais, ler, fazer coisas que elevem meu humor e de preferência, elevem também a minha serotonina.


Dados sobre saúde mental e pensamentos intrusivos no Brasil


De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) afeta cerca de 2 a 3% da população brasileira, o que representa aproximadamente 4 a 6 milhões de pessoas. Os pensamentos intrusivos são uma característica central do TOC, levando a comportamentos compulsivos como forma de aliviar a ansiedade causada por esses pensamentos. A ansiedade é outra condição mental em que os pensamentos intrusivos são comuns. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o Brasil é um dos países com os maiores índices de transtornos de ansiedade no mundo, com cerca de 9,3% da população brasileira sofrendo de algum tipo de transtorno de ansiedade. Isso sugere que uma parcela significativa da população pode estar lidando com pensamentos intrusivos associados à ansiedade.


Dicas para dispersar pensamentos intrusivos


Práticas de mindfulness, como meditação, podem ajudar a observar os pensamentos sem se envolver emocionalmente com eles. Tente identificar e desafiar as crenças irracionais que podem estar alimentando os pensamentos intrusivos. Trabalhe para substituí-las por pensamentos mais racionais e realistas.


Também pratique técnicas de relaxamento, como respiração profunda, ioga ou exercícios físicos, para reduzir a ansiedade e o estresse que podem intensificar os pensamentos. Envolver-se em atividades prazerosas e produtivas pode ajudar a desviar a atenção e também suprir pensamentos mais positivos.


Por fim, e uma das coisas que mais me ajudam nesse processo é colocar os pensamentos no papel, isso me ajuda a organizá-los e a reduzir a sua intensidade. Manter um diário pode ser uma ferramenta útil para refletir sobre os pensamentos e emoções, pode ser um blog também. ;)



Se você também é uma dessas pessoas que convive com pensamentos intrusivos, saiba que você não está sozinha! Procure ajuda, caso esteja muito difícil lidar com eles. Converse com alguém que seja confiável e que possa te deixar mais confortável em relação a isso. Espero que esse post tenha ajudado você. Compartilhe com alguém que precisa ler sobre!



Um abraço carinhoso,

Isabel Debatin

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