Por que nos cobramos ser úteis o tempo todo?
- Isabel Debatin
- 2 de fev.
- 2 min de leitura
Atualizado: 3 de fev.

Na última semana, experimentei algo que me fez refletir profundamente sobre a nossa constante cobrança por produtividade. Foram seis dias seguidos de dor de cabeça intensa, daqueles incômodos que não se dissipam com remédios ou noites de sono. No fim, percebi que essa dor era, na verdade, uma manifestação física de uma carga emocional pesada que eu vinha carregando.
Procurei minha psicóloga mais de uma vez naquele período, buscando uma forma de extravasar tudo o que eu estava sentindo. Entre lágrimas e desabafos, compreendi que estava sobrecarregada, exausta e absorvendo muito mais do que deveria. A necessidade de dar conta de tudo, o tempo inteiro, sem pausas, estava drenando minha energia. E o mais alarmante é que, mesmo quando eu sentia a necessidade de descansar, me culpava por isso. Eu me sentia devedora por não estar sendo “produtiva”.
Não estou sozinha nesse sentimento. Vivemos numa era em que a produtividade incessante se tornou um padrão, especialmente entre os millennials. A autoexigência excessiva nos leva a acreditar que momentos de descanso são sinônimos de falha ou preguiça. Sentimo-nos culpados ao tirar um tempo para nós mesmos, como se estivéssemos negligenciando nossas responsabilidades. Essa mentalidade não apenas nos priva de momentos essenciais de recuperação, mas também nos coloca em um ciclo de estresse constante.
No Brasil, mais de 50% dos millennials relatam sentir-se esgotados, resultado de expectativas não atendidas, alta carga de trabalho e falta de reconhecimento. Quatro em cada dez millennials dizem que se sentem estressados ou ansiosos no trabalho.
E para as mulheres, essa cobrança é - no meu ponto de vista - ainda mais pesada.
Além das demandas profissionais, muitas vezes assumimos responsabilidades domésticas e familiares, sentindo a necessidade de manter tudo em ordem. A pressão para equilibrar carreira, cuidados com a família e manter uma imagem impecável pode ser esmagadora.
A autoexigência excessiva pode levar a uma série de problemas psicológicos, incluindo ansiedade, estresse crônico, dificuldade em tomar decisões, procrastinação, baixa autoestima e isolamento social. É essencial reconhecer esses sinais e entender que a busca incessante pela perfeição pode ser prejudicial.
PRECISAMOS refletir sobre essa cultura de produtividade constante e, enfim, reconhecermos a importância do descanso e do autocuidado.
Momentos de pausa não são um sinal de fraqueza, mas uma necessidade humana fundamental. Ao cuidarmos de nós mesmos, estamos melhor equipados para enfrentar os desafios da vida e apoiar aqueles ao nosso redor.
O descanso é parte integrante do sucesso e do bem-estar. Equilibrar nossas responsabilidades com momentos de autocuidado é essencial para uma vida saudável e satisfatória. Que possamos repensar nossas cobranças internas e permitir-nos momentos de pausa, de silêncio, de simplesmente ser.
Me conta aqui nos comentários, como você tem lidado com os seus momentos de descanso!
Um abraço carinhoso,
Isabel Debatin
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