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  • Foto do escritorIsabel Debatin

Preparação para maternar: um compromisso de todos

Atualizado: 26 de jul.



Olá amiga (o) leitora (o), espero que você esteja bem! Pra quem me acompanha há mais tempo lá nas redes sociais, já deve saber e bem conhecer meus dois filhos e todos os aprendizados que eu sempre fiz e faço questão de trazer sobre o maternar. Gustavo e Antônio: os amores da minha vida [tudo é sempre por vocês].


Ao longo da minha segunda gestação pensei muito sobre o quão importante é a preparação para o maternar, não só da mãe, mas de todos que fazem parte da vida dela. Passamos por tantas mudanças e desafios e, pra mim, esse momento de aprendizado coletivo é o que faz total diferença quando aqueles dias mais intensos chegam. Isso se estende para a família mas também para os amigos, já que a importância do amparo emocional para a mãe, e os desafios que ela enfrenta no puerpério e pós-puerpério, podem tornar problemas que parecem gigantes, resolvíveis de maneira fácil e prática.


A preparação para a vinda do bebê


A chegada de um bebê é um evento transformador, e a preparação para esse momento deve ser significativo [sempre na medida do possível de cada um]. Não se trata apenas de montar o quarto do bebê ou comprar fraldas, mas de criar uma rede de apoio sólida para a mamãe e o bebê.


Alguns pontos são determinantes para uma preparação que vai tornar o momento mais leve, prático [e eu diria que feliz e sem caos]!


  • Informação e educação: Todos os envolvidos devem se informar sobre o que esperar durante a gravidez, parto e pós-parto. Participar de cursos de preparação para o parto pode ser muito útil, mas o essencial é a conversa, a troca, o diálogo, entre todos os envolvidos. A sinceridade de como cada um se sente e ainda, as expectativas, do que cada um espera do outro;


  • Planejamento de apoio: Falar, falar e refalar sobre a organização de quem vai auxiliar e ajudar nas tarefas diárias, cuidados com outros filhos e apoio emocional para a mãe [esse planejamento pode ser atualizado conforme as fases vão passando: pós-parto, volta ao trabalho, ida do bebê para a escolinha, etc.];


  • Comunicação aberta: Não colocar empecilhos e, ao mesmo tempo, deixar os julgamentos e avaliar se as opiniões [não solicitadas] podem ser falas de uma forma amorosa, ou se podem ser deixadas de lado, para que a comunicação seja eficaz e se reflita num bom convívio. É essencial que a mãe [e todos os envolvidos] se sinta confortável em expressar suas necessidades e preocupações.


O papel crucial do amparo emocional


A saúde emocional da mãe é tão importante quanto a física. Estudos mostram que cerca de 10 a 15% das mulheres sofrem de depressão pós-parto, uma condição que pode ter sérios impactos na mãe e no bebê. Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que até 20% das mães em países de baixa renda podem sofrer dessa condição. De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), aproximadamente 26% das mulheres relataram sintomas de depressão pós-parto nos primeiros seis meses após o nascimento do bebê.


Formas de amparo emocional para refletirmos [e aplicarmos]


  • Escuta ativa: Estar presente para ouvir as preocupações e sentimentos da mãe - repito, sem julgamentos [cada mãe é diferente, cada gestação é única - cuidado com as comparações];

  • Apoio prático: Ajudar com tarefas domésticas, cuidados com o bebê e oferecer momentos de descanso para a mãe [não é preguiça, ela só está exausta];

  • Profissionais de saúde mental: Incentivar a mãe a procurar ajuda profissional se necessário, como terapeutas ou grupos de apoio [uma boa terapia pós-parto não é um luxo, ok? pelo contrário, pode ser um grande diferencial a curto e longo prazo (experiência própria)];

A perda de identidade e o puerpério


O período de puerpério, que abrange as primeiras seis a oito semanas após o nascimento [mas os sentimentos e mudanças podem ir além], é um tempo de grandes mudanças e desafios. A mãe pode experimentar uma sensação de perda de identidade, pois a atenção se volta quase exclusivamente para o bebê.


Existem muitos desafios durante o puerpério, alguns deles nem sempre relatados pelas mães [nós temos uma mania de querer dar conta de tudo, e essa não precisa (e não deveria) ser uma condição].


  • Alterações hormonais: mudanças hormonais podem afetar o humor e a saúde mental da mãe;

  • Isolamento social: a nova rotina pode fazer com que a mãe se sinta isolada de amigos e atividades sociais [ou possa querer se isolar por escolha (é mais comum do que você imagina)];

  • Redefinição de papéis: ajustar-se ao novo papel de mãe enquanto lida com a perda temporária de outras identidades pessoais e profissionais [deixamos tudo pra depois para sermos mães integralmente, seja por tempo determinado ou indeterminado; em algum momento esse baque se reflete na rotina];


O tempo de recuperação do corpo [uma cobrança desnecessária, porém, comum]


A recuperação física após uma gestação varia de mulher para mulher. O corpo leva tempo para voltar ao normal, e essa recuperação não se limita apenas ao peso pré-gravidez [vai muuuuito além].


Fatores da recuperação física


  • Útero: pode levar de seis a oito semanas para o útero voltar ao tamanho normal;

  • Músculos e pele: a recuperação dos músculos abdominais e da pele pode demorar vários meses;

  • Hormônios: o equilíbrio hormonal pode levar semanas ou meses para se restabelecer completamente.


Já pensou em quantas cobranças podem surgir nesse tempo de “espera” pela “volta ao normal”? Somado a todas as demais mudanças e renúncias, chega a ser difícil se imaginar dentro dos pensamentos que uma mulher tem ou pode ter nesse período.


Ter mais apoio e menos cobranças pode e vai tornar tudo isso menos pesado!


Preparar o coração - e a mente - dos filhos mais velhos também é preciso


Um relato: aqui em casa a vinda de um bebê foi um momento muito aguardado, principalmente pelo irmão mais velho. Gus pediu por cinco anos "quero um irmão! quando vou ter um irmão? quero muito alguém pra brincar comigo...", até que um belo dia, o tal irmão estava morando na barriga da mamãe.


Não tivemos dificuldades até então, pelo contrário, ele tem um amor tão grande pelo irmão que as vezes até nós não sabemos como lidar. Com certeza cada caso é um caso, a diferença de idade também implica em como eles lidarão com os próprios sentimentos relacionados a dividir a mamãe e o papai. Mas algo que deu muito certo foi sempre incluir o nosso filho mais velho em tudo do bebê, desde o dia em que contamos.


O mundo do maternar sob a perspectiva de grandes autores


Dra. Ana Carolina Peuker - "Psicologia perinatal: estudos sobre a gestação, parto e puerpério”

"A depressão pós-parto é uma condição que afeta muitas mulheres e pode ser amenizada com o apoio emocional adequado. É crucial que a sociedade compreenda a importância de cuidar da saúde mental das mães."


Dra. Alexandra Sacks - "What No One Tells You: A Guide to Your Emotions from Pregnancy to Motherhood"


"Tornar-se mãe traz um turbilhão de emoções, e é normal sentir-se sobrecarregada. Ter um sistema de apoio em vigor é crucial para navegar nesta nova fase. Depressão e ansiedade são comuns e precisam ser abordadas com compaixão e ajuda profissional quando necessário. A transição para a maternidade é profunda, e as mães não devem sentir que precisam enfrentar isso sozinhas."


Dra. Marisa Faiad - “Psicologia da maternidade: a vivência da mulher grávida”

"Durante o puerpério, as mães enfrentam uma reconfiguração de sua identidade. O apoio emocional e a compreensão do entorno são vitais para que elas possam se reconhecer e se fortalecer nesse novo papel."


Dra. Sheila Kitzinger - "The Year After Childbirth: Surviving the First Year of Motherhood"

"O período pós-natal é frequentemente romantizado, mas a realidade pode ser bastante diferente. Muitas mulheres experimentam uma sensação de perda de identidade e lutam com as demandas da maternidade. Reconhecer isso e garantir que as novas mães recebam apoio emocional e prático pode ajudá-las a navegar por esse período desafiador."


Dra. Laura Gutman - "A maternidade e o encontro com a própria sombra"

"O apoio emocional no pós-parto é fundamental para a saúde mental da mulher. A presença de uma rede de suporte pode fazer a diferença entre uma experiência de maternidade positiva e a depressão pós-parto."


Dra. Penny Simkin - "The Birth Partner"

"As novas mães são particularmente vulneráveis nas semanas seguintes ao parto, e o apoio que elas recebem de seus parceiros, familiares e amigos pode ser crucial. É importante oferecer um ouvido atento, ajuda prática e segurança emocional. Esse apoio ajuda a mitigar o estresse e os desafios que frequentemente acompanham o período pós-parto."


Dra. Alexandre Coimbra Amaral - "Carta para um recém-nascido”

"O puerpério é um período de profundas transformações na vida da mulher. O apoio emocional é essencial para que ela possa se adaptar à nova identidade de mãe e lidar com as demandas do bebê."


Dra. Julie Holland - "Moody Bitches: The Truth About the Drugs You're Taking, the Sleep You're Missing, the Sex You're Not Having, and What's Really Making You Crazy"

"As mudanças hormonais durante e após a gravidez podem impactar significativamente o humor e a saúde mental de uma mulher. Compreender essas mudanças e fornecer um ambiente de apoio é essencial. Parceiros e membros da família desempenham um papel crucial ao ajudar as novas mães a se sentirem apoiadas e menos isoladas."


Portanto…


Preparar-se para a chegada de um bebê é um esforço conjunto que deve envolver toda a rede de apoio da mãe. É vital que todos ao redor dela se informem, ofereçam apoio prático e emocional, e estejam atentos às suas necessidades. Lembrar que o puerpério é um período de grandes mudanças e que o corpo da mãe precisa de tempo para se recuperar é essencial para garantir o bem-estar dela e do bebê. Ela precisa de atenção, carinho, amor, e algumas vezes que você apenas assuma tarefas que ela vai querer fazer, mas pode abdicar pra cuidar de si.


Se você está esperando um bebê ou conhece alguém que está, compartilhe esse post e ajude a criar um ambiente de suporte e compreensão. Vamos juntos construir uma rede de apoio que acolhe e valoriza as mães em todos os aspectos dessa jornada transformadora.


Compartilhe suas experiências e dicas nos comentários, e vamos continuar essa conversa importante!


Deixo aqui meu agradecimento a minha rede de apoio, que ao longo desses meses me ajudaram a reconhecer os momentos de fraqueza, pois eu tinha quem pudesse me fortalecer. Muito obrigada!


Um abraço carinhoso,

Isabel Debatin


1 comentário

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Thaina Luquini
Thaina Luquini
Jul 20

É mágico, gracioso, mas ao mesmo tempo amedrontador. Viva a nós mulheres! Maternar é a mais pura e intensa forma amor.

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