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  • Foto do escritorIsabel Debatin

Tradwife & Girl Power: dois caminhos, uma realidade?

O dilema entre: ser dona de casa e mulher tradicional, ou ser uma mulher empoderada [na internet]!


Sabe quando você entra no Instagram e vê aquela mulher incrível, que parece fazer tudo? Ela está lá, arrasando no trabalho, tem uma família linda, a casa está sempre impecável, e ainda sobra tempo para fazer yoga e cozinhar um jantar incrível. Aí você rola mais um pouco e se depara com outra mulher, que vive numa fazenda linda, cuida dos filhos, planta sua própria comida e ainda compartilha tudo isso em vídeos perfeitos. E você fica pensando: “Como elas conseguem? E onde eu me encaixo nisso tudo?”


Esse dilema é super real para muitas de nós.


De um lado, temos o empoderamento feminino que grita "vai lá e conquista o mundo!". De outro, a tendência de voltar às raízes, focando no lar e na simplicidade.


Mas será que a gente precisa escolher entre ser a executiva de sucesso ou a dona de casa moderna? E mais, até que ponto a internet está moldando essas nossas escolhas?


Nos últimos anos, temos visto mulheres conquistando espaços de poder que antes eram dominados por homens. O movimento de empoderamento feminino, conhecido como girl power, abriu portas para que mulheres ocupassem cargos altos, liderassem empresas e provassem que podem ser o que quiserem. Além disso, essas mulheres ainda conseguem equilibrar uma rotina puxada, cuidando de casa, família, filhos, se exercitando e mantendo uma vida social ativa. Tudo ao mesmo tempo, como se fosse natural. [Respira!]


Mas, enquanto essa revolução acontecia, outra tendência começou a ganhar força: as traditional wives. Recentemente, esse termo tem sido muito pesquisado, principalmente no Tiktok. O movimento [ou a tendência] resgata a ideia da mulher tradicional que cuida da casa, dos filhos e da vida doméstica.


O que chama a atenção é que muitas dessas mulheres também criam conteúdo sobre esse estilo de vida, compartilhando dicas de limpeza, receitas caseiras, compras no mercado e até uma vida mais simples no campo, plantando sua própria comida. Os conteúdos inclusive se mesclam com outra tendência: o ASMR, que deixa a sonoridade do vídeo ainda mais chamativa e viciante.


Girl Power vs. Traditional Wives: um paradoxo?


Vamos aprofundar sobre esses dois modos de vida, e lá na frente, a gente junta tudo isso.

De um lado, temos a mulher que alcançou o topo da carreira e mostra que é possível "ter tudo". De outro, uma mulher que abraça o papel de dona de casa e mãe, muitas vezes vivendo de maneira mais simples [ou nem tanto], mas ainda assim, expondo sua vida online, quase como um reality show da vida cotidiana.


O curioso é que, apesar de parecerem opostos, essas duas realidades coexistem – e muitas vezes dentro da mesma pessoa. Há mulheres que são executivas de dia e, à noite, compartilham no Instagram seus pratos caseiros, dicas de organização e rotina do dia a dia. O que nos leva a pensar: será que precisamos escolher entre esses dois estilos de vida? Ou é possível, de fato, conciliar tudo?


Trouxe essa dúvida porque em algumas rodas de conversas já vi surgir o questionamento: "Mas entre um ou outro estilo de vida, você escolhera apenas um?"


Um ponto em comum entre o girl power e as traditional wives hoje sãoa s redes sociais, e o mostrar o dia a dia na internet. Paralelamente, o recente resgate e o boom que o estilo tradwives tem repercutido e gerado tanto engajamento.


Não é novidade para ninguém, vivemos numa era em que tudo é compartilhado. A vida, seja ela no escritório ou na cozinha, se tornou conteúdo. Influenciadoras do mundo corporativo motivam outras mulheres a "correrem atrás" de seus sonhos, enquanto as influenciadoras domésticas mostram que há beleza em cuidar da casa e da família. Mas com isso vem também uma pressão imensa.


As redes sociais e todo seu engajamento, com suas imagens cuidadosamente editadas e rotinas perfeitas, nos influenciam o tempo todo a buscar o cenário perfeito, os melhores utensílios, os ingredientes mais instagramáveis. Como devemos viver, como devemos ser mães, como deve ser nosso corpo, nossa carreira e até a forma como lidamos com as tarefas de casa.


Então... Estamos vivendo de acordo com o que realmente queremos, ou apenas seguindo o que vemos online?


Na obra "Lean In", Sheryl Sandberg, COO do Facebook, destaca a importância de as mulheres assumirem o protagonismo em suas carreiras, encorajando-as a "sentar-se à mesa" e buscar cargos de liderança. Sandberg defende que o girl power é mais do que apenas empoderamento pessoal; trata-se de quebrar barreiras sociais e culturais que historicamente impediram as mulheres de ocupar posições de poder. O livro inspira a ideia de que as mulheres podem sim "ter tudo" — sucesso profissional, família, e vida pessoal —, mas reconhece o desafio desse equilíbrio.


Já em "A Coragem de ser você mesmo”, Brené Brown [sempre maravilhosa], foca na importância de as mulheres viverem de acordo com seus valores, independentemente das pressões externas. Brené explora como a sociedade muitas vezes impõe expectativas inalcançáveis sobre o mundo feminino, especialmente na era das redes sociais. O girl power, em sua essência, é a busca pela autenticidade e não apenas pelo sucesso profissional.


E, enquanto o girl power celebra a ascensão feminina no mercado de trabalho, o movimento das traditional wives resgata a importância do lar e da família.


Matérias recentes, como a publicada na The Atlantic sobre a tendência das homesteaders (mulheres que voltam ao campo para cultivar e cuidar de suas famílias [como a Hannah Neeleman (@ballerinafarm) influencer muito conhecida, que inclusive acabou sendo envolvida em uma grande polêmica na internet justamente sobre seu estilo de vida]), apontam que essa escolha muitas vezes é um ato de rebeldia contra a vida corporativa e o ritmo acelerado da sociedade contemporânea. Essas mulheres estão redefinindo o que é “ser moderna”, ao optarem por um estilo de vida que foca no lar, na família e na simplicidade.


Como as tendências influenciam para além da internet


Em Trick Mirror [Falso Espelho] a autora Jia Tolentino aborda o impacto das redes sociais na construção da identidade feminina moderna. Ela diz que a internet cria uma ilusão de escolha e liberdade, quando na verdade muitas vezes reforça os mesmos padrões de perfeição e expectativa que as mulheres vêm tentando quebrar há décadas.


Se, por um lado, as influenciadoras de girl power inspiram outras a perseguirem seus sonhos, por outro, a mesma internet promove um ideal inalcançável de perfeição, tanto no campo profissional quanto no doméstico. [E esse dilema pra sempre existirá enquanto houver timelines rolando em nossas mãos].


O livro "The Happiness Project", de Gretchen Rubin, também discute como o culto à felicidade e à vida ideal promovido nas redes afeta as mulheres. Gretchen defende que a chave para o bem-estar é encontrar equilíbrio e autenticidade, seja qual for o caminho escolhido.


Muitas vezes nos vemos perdidas porque simplesmente queremos viver aquilo que vemos, e nada que é meramente copiado terá a propriedade de ser nosso, inclusive nossos sentimentos. Ou seja, podemos seguir tendências, inspirações e exemplos, seja de pessoas próximas ou de influenciadoras. Mas nada nos fará sentido se não pudermos adicionar um toque de autenticidade, e tornar aquilo NOSSO!


Se você gostou desse post, comente e compartilhe. Vamos conversar mais sobre o tema!



Um abraço carinhoso,

Isabel Debatin


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